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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Do amor.



I

E há no mundo amor?
Meu amor me ama?
Quando Adamastor,
Amordaçado na cama
Ama.

II

Há no mundo paixão!
Desvariosa chama!
Fogario que ama,
Amor amado no chão
Cama.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Passagem n°2

No jardim há uma fonte e estátuas,
Brotam da terra fortes arames farpados, também de pedra
(E o seu musgo verde tem um ar dourado)
A fonte não seca - rígida - gospe soberbia
Perco-me com o avião no ar insensível
Enterro-me em redoma de marfim

- No meu quintal corre um esgoto e seus fragmentos.
Boiam pedaços de vida, também, às vezes, mortos
(E o seu calor tem um cheiro risonho).
O fluxo cortado revela - seco - gargalhadas.
Vejo não só, meus parentes, esterco,
escova de dente, cacos de vidro, diamantes
empalhados...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Exercício n°3

Os verdes traços reforçam o lenço
estruturas metálicas adjacentes ao limbo.
O borro de sangue dilui as perguntas,
a mácula, verme, se choca com o escaninho.
As lâminas, a clara, a lã, me vibram. Tenso
repito o rito, penso, e volto ao assunto.

Da estilística fônica.



I

Afinado alfinete
Alfinetada afinação
Sonoramente ação
Saboroso estilete


II

Vezes desafino
Todo o desatino
Do olor cíclico
Vago-específico



sábado, 8 de dezembro de 2007

Exercício n° 1

Assalta a porta, de mansinho, se insinua.
Areia molhada escorrendo. Escorrendo por dentre os dedos.
Estaca. Mesmo em casa conhecida há sangue.
Com sua arte (plástica) repele o movimento.

O movimento alheio cessa, agora é todo teu.
Percebe, má intenção, se eriça e camufla.
Devagarinho reassume a antiga pose.
Mostra garras, dentes, vida e sorte.
Arisco, mete-se entre as pernas
desgostas o inventário
e some.

Pára, apura olhos, ouvidos - não é o trem -
e gosto. Ronrona de leve, roça
de leve, sem pressa, tem fome.