Pesquisar este blog

sábado, 29 de novembro de 2008

Poema concreto*

Este é um poema abstrato.
Coitado! não tem tijolos, nem cimento,
não tem polvilho, nem fermento,
não tem receita, nem extrato.

Talvez tenha palavras, mas
palavras? Mentiras adequadas
versinhos em privadas
abstinência em conventos

* para ler em círculo

Dormideira

..................................................... para Mirane

resplandece intocável sob o sol
joga beleza e força para o ar
retesa se lhe jogam anzol
encolhe e parece encabrunhar
quando se aproximam, sem vagar,
suas folhas fecham, qual livro que não
mostra suas fontes, qual pedra que água
não permeia, qual quimera sem belerofonte,
qual ressaca sem bebedeira

e sozinha e sozinha quer estar
pra matar a solidão que acompanha
e cada folha em tristeza medonha
quer dormir e estar no belo reino
onde acordar é como um espelho
onde só se mostram maravilhas
onde ressurgem os contadores mortos
que não morrem, recolhem suas pétalas

quinta-feira, 13 de novembro de 2008