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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

VI VIDA

Vi vida no enquanto do caminho Vi vida vivida com carinho Vi vidas acompanharem o sozinho. Também vi morte lá no meio do caminho Vi morte lá vivida em burburinhos E vi mortes, de vidas, revividas. Em cada vida, vi mais vida nos olhinhos. Em toda vida, me vi vinda dos caminhos. E vivi a vida vendo mortes acolhidas. E vivi a vida vendo vidas redimidas. Vivi as vidas que me foram concedidas. Vidas, vi vidas! Vividas em cantigas.

sábado, 23 de junho de 2012

descuidado

se cada vez as coisas se intensificam
a estupidez é minha maior companheira
cresce devagar como a fome alheia
mas constantemente como erva daninha
se fortifica a cada tempestade
já tem pilares e raízes, mas se algum dia
de mim tomares, se expande em rebeldia

das decisões é polícia e juiz, júri e carrasco
se infiltra, qual gato manhoso,
mesmo nos cofres mais sofisticados,
convincente, sabe ser delicada e sábia,
mas tudo isso não passa...
ostenta porque violenta
os erros em nenhuma palavra

os verbos, antes escapatórias,
agora destacam o medo e a cumplicidade
de que sem ela - desejo malcriado -
as respostas estejam livres de pecados
mas a cada vez que surge
sobe em outros telhados
e assim e sempre e não encontra rival

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cinema Mudo, em preto e branco.





De silêncio em silêncio faço festa
Rock’n’roll mudo nossa transa
É no branco da página meu verso
Essa coisa vazia que sangra

Insana de mudez você clama
Grita sem som de ódio e dor
E eu calado e sisudo não respondo
Mas guardo fechado meu rancor.

Os fatos são repletos de silêncio
E a vergonha do silêncio nos assusta
Pois na calada da noite escura
Só o silêncio guarda nossa cama


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Deslumbramentos e zombies


Milady, é perigoso contemplá-la,
sim, eu sei, estás embaraçada
nos mecanismos e no lamaçal
que me chafurdo e me sustento

mas não desta vez, mas não
com essa severidade, essa selva
que não o quer ser, não de verdade
altiva, quer impor respeito.

Ah! Como me estonteia e me fascina...
E é, na graça distinta do seu porte
muito mais digna, talvez, de que a morte
e filha pródiga do silêncio

As trombetas, pudicas, já soaram
o recolher despertou os caminhantes
Enfim prossiga altiva a Fama,
como antes, pois nada lhe adverte a sorte

Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais,
e comeriam os dois e ainda mais,
os novos, já passeiam pela noite.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Osmose.

O mundo ao meu redor explode
cinza e vermelho
um quadro de Pollock
E as pessoas se assustam
quando meu coração absorve o negro das palavras
quando o fel escorre dos vapores de meu ser
quando escrevo meu próprio quadro em vermelho.