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terça-feira, 23 de outubro de 2018

O Baile da bile



“Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,
Eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
Dançando o baile do medo.”
DRUMOND



Eu tenho ânsias de vômito vorazes
vociferando meu corpo.
No espelho não me vejo,
não reconheço mais este magro verso...

Lá fora o mundo ri
histericamente!
Eu olho para o abismo,
a ciranda do ódio que roda
serelepe com o revólver na mão.

No caminho de Hamelin,
como ratos saudando Hitlers
com rotundos rojões-bandeiras
dançamos o baile da bile.

Eu tenho ânsias de vômito vorazes
vociferando meu corpo
quando te vejo
dançando o baile do medo.

Lá fora você ri,
meu irmão amado,
histérico na multidão!
Serelepe com o revólver na mão.

Segue o flautista armado
e eu não te reconheço mais
na escuridão de bandeiras
debandando da razão.

Eu tenho ânsias de vômito.
Eu choro na escuridão...
enquanto dançam o baile do ódio
e matam meu outro irmão!

Lá fora é uma festa
histérica imensidão
que anuncia o que me espera
a morte ou solidão.

Tenho ânsias de vômito
vociferando vorazes
vozes.
Eu as acolho no meu colo
ao te ver na multidão
serelepe com a arma sangrando
o sangue do meu outro irmão.

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