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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Draga

a boca medonha suga agressiva,
efeito de ralo atrativo,
chama ao seu humor as dignas
do lixo, não limpa, provoca estupor.
Confunde o joio do trigo e amarra
o todo em ardiloso fervor.
Suga, chupa o que há de detrito
mesmo no mais suave e incorruptível
amor. Engana, o que se quer enganar,
com chupões-ferroadas sem ferrões.
Exige do rio a areia, onde só há água
e entulha e embarreia a liquidez.
Talvez queira o que lhe é próprio.
Hipócrita suga o que não
haveria pra sugar, mas por elegância
(desastrada) a água faz de si brotar
a areia inóspita que ela deseja,
mas destino de draga é triste,
água que é água percebe que a areia
nela não existe, é o que a draga
procura e mais do que ser o que
ela chupa é o que sua boca dissemina
e a põe no seu lugar de ralo, de alicate
de unha, que é o que se costuma usar.
Que drague o que puder,
pra não ter mais o que sugar.

sábado, 12 de abril de 2008

Do Amor Dialético.


I
Você se cria líqüida
Pura ao me ver muda
Eu ao te ver movida
Em mim o nós aluda.
I
Eu em você sou vida
Em mim você é muda
Somos nós raiz florida
Síntese primavera aguda

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Do Amor Dialógico.

I
Você emparedada em você
Fala comigo, de perto me vê.
Discutimos, eu emparedado
em mim mesmo sou dado.
II
Eu, em mim, vejo você,
mas não nos vemos nós
Em você, você me vê
E juntos não temos nós.