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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Draga

a boca medonha suga agressiva,
efeito de ralo atrativo,
chama ao seu humor as dignas
do lixo, não limpa, provoca estupor.
Confunde o joio do trigo e amarra
o todo em ardiloso fervor.
Suga, chupa o que há de detrito
mesmo no mais suave e incorruptível
amor. Engana, o que se quer enganar,
com chupões-ferroadas sem ferrões.
Exige do rio a areia, onde só há água
e entulha e embarreia a liquidez.
Talvez queira o que lhe é próprio.
Hipócrita suga o que não
haveria pra sugar, mas por elegância
(desastrada) a água faz de si brotar
a areia inóspita que ela deseja,
mas destino de draga é triste,
água que é água percebe que a areia
nela não existe, é o que a draga
procura e mais do que ser o que
ela chupa é o que sua boca dissemina
e a põe no seu lugar de ralo, de alicate
de unha, que é o que se costuma usar.
Que drague o que puder,
pra não ter mais o que sugar.

2 comentários:

Guilherme Mariano disse...

Bom, depois desse poema vc não precisa comentar sobre minha vida hauaahua.

Mas os poemas não são só sobre isso e vc sabe. São visões de relacionamentos distintos.

Fernando Cordeiro disse...

mas eu não falei que eram...
por que vc tá se defendendo??