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terça-feira, 1 de julho de 2008

Recortes das cores de um conto

eu cortei a estrada com você
recortei a estrada com você, recortei minha vida pra você
a fim de que desse tempo de você saber de mim,
que sou você, também, porque almas companheiras no infinito colorido:
recortadas

Estive trancada num elevador com ele
e desde as primeiras horas quis continuar trancada
esperamos muito, até que a porta se abrisse
quando isso aconteceu, queria continuar presa: queria para mim
recortá-lo

Eles saíram, na liberdade mentirosa
reencontraram pessoas, amigos preocupados, amores antigos
Reviram fotos, reviveram, assim, o passado, um recorte do presente
e nunca mais voltaram a aprisionar-se juntos
a recortarem-se

De qualquer maneira, decidimos, então, que tanto fazia a vida
porque estamos mesclados no colorido infinito da alma, não-recortado:
pleno.
porque as horas em que estivemos juntos foi toda a eternidade
ela reverbera: a partir dali, sabe-se lá...

Tanto faz o elevador: as horas mágicas perduram,
A saudade serve pra isso: ela é a porta
porta dos retratos, meu porta-emoções, porta-vontades
que eu idolatro, beijando, que eu recorto
coloridamente no companheirismo da alma infinita.

2 comentários:

Fernando Cordeiro disse...

Oi Lê,
muito legal essa questão do recorte... eu entendi ela relacionada com essa questão do limite, da limitação que também se coloca no elevador... Nesse sentido o poema nos dá uma visão interessante de relacionamentos
A relação com a memória como algo recortado (que de qualquer forma tem essa noção de limite patente) também achei muito bem feita...
Vem me interessando de uns tempos pra cá esse seu tom, mescla de conto e poema (coisa que está presente nos textos da Mi também...)

Letícia Tomazella disse...

Q lindo seu comentário, Fer! Fiquei feliz!
bjoca