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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Deslumbramentos e zombies


Milady, é perigoso contemplá-la,
sim, eu sei, estás embaraçada
nos mecanismos e no lamaçal
que me chafurdo e me sustento

mas não desta vez, mas não
com essa severidade, essa selva
que não o quer ser, não de verdade
altiva, quer impor respeito.

Ah! Como me estonteia e me fascina...
E é, na graça distinta do seu porte
muito mais digna, talvez, de que a morte
e filha pródiga do silêncio

As trombetas, pudicas, já soaram
o recolher despertou os caminhantes
Enfim prossiga altiva a Fama,
como antes, pois nada lhe adverte a sorte

Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais,
e comeriam os dois e ainda mais,
os novos, já passeiam pela noite.

2 comentários:

Guilherme Mariano disse...

Gostei. Parece que existe uma tensão no poema entre o formal e o informal, entre a tradição e a transgressão. Algo que se relaciona com a teoria da paródia da Hutcheon. Gostei bastante da questão formal, no que toca à disposição dos versos em rimas e brancos, o que transpõe na estrutura a tensão do conteúdo.

Guilherme Mariano disse...

Ah, saudades de vc, cavalo.