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domingo, 5 de julho de 2009

Noturno IV

Os olhos pesam oceanos,
súbito entumecimento enregela
pensamentos, aos poucos
pequenas lascas de sonhos.
Cabelos negros, pele amarrota,
esfiapados vestidos, voz surda
atordoa: Está na hora.

Um comentário:

Guilherme Mariano disse...

Gostei do marasmo que você cria, e de como o momento se prolonga na descrição do estupor sonolento. A imagem dos olhos pesarem como oceanos, é interessante na medida em que provoca uma visão ao mesmo tempo em que é pesada, profunda e contrária ao que seria seco, ela não é seca, ela é água, mas pesada como a profundeza titânica do oceano (que é um titã, ele mesmo).
E como o oceano ela cria a idéia da movimentação do mar, ondula na rítmica criação, um vai e vem do súbito entumencimento, que quebra-se no aos poucos, que intensifica o marasmo em pequenas, e enleva em cabelos, até que uma onda quebra e termina, e acorda o poema, o eu lírico, o leitor. Está na hora. De que? Não importa, acabou.

Gostei, falei um monte de baboseiras, mas eu gostei bastante.