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domingo, 5 de julho de 2009

Tapa na cara

Guarda de todas as casas,
de imponderável gentileza
não liga pra um "com licença",
– surda como uma mesa –
– e talvez da mesma raça –

parada como uma lesma
– de altivez melancólica –
vossas ordens não desacata,
mas trata com indulgência
não reage, não ataca.

A questão poderia ser
“Trouxeste a chave?”.
Mas: reta, explicita,
não tem humor para
metalinguagens.

Dura como pedra,
de material mais suave,
trabalhada. Triste é sempre
encontrá-la fechada.
Uma dor intransponível.

Um comentário:

Guilherme Mariano disse...

Legal esse. O som dele é bem gostoso, fluido. E a criação da imagem da porta é bem feita. Gostei do diálogo com o poema do Drummond, e da maneira como você modifica essa relação ao dizer que não é metalinguística. E por dizer que não é, ela se torna.
Bem bacana