a perna há muito dobrada já dormente
num sonho de imaginar-se adocicada
se arredia e pede de repente
atenção e, claro, sua mesada.
Na cadeira do meu quarto doente
ignoro sua fisiologia delicada
num lapso, por um momento ausente,
a fotografia reluz invocada.
Esse sentir entumescente aumenta
a seriedade e distorce a cara
espasmo de dor displicente,
gozo de vida solitária.
O terminal, local de encontro espontâneo em meio ao fluxo do desencontro cotidiano na confluência do trânsito caótico moderno. É neste local onde nasce o olhar inesperado da mente, onde os questionamentos surgem em meio a uma espera funesta. Aqui, no terminal da poesia, nos encontramos.
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terça-feira, 30 de setembro de 2014
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Angústia
No peito um aperto...
tento arrancar os cabelos,
cravar as unhas no cenho
Mas retenho o medo...
O choro que desejo
verdareimente não vem,
por isso cravo em tua retina
esta agulha. E enfim, choro.
tento arrancar os cabelos,
cravar as unhas no cenho
Mas retenho o medo...
O choro que desejo
verdareimente não vem,
por isso cravo em tua retina
esta agulha. E enfim, choro.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
exercício 4
sois fermosa e tudo tendes,
senão que tendes olhos verdes.
os olhos astutos a tudo notam,
vestuário, jeito, tamanho, forma
as maneiras, antes educadas,
à língua sobejo consentem...
Movimentos espasmódicos
os detalhes permitem verdes.
Sois formosa e tudo tendes.
Tudo tendes e nada vos falta
ainda assim os olhos distendes
A alegria alheia todavia ressalta,
algures, os campos sempre mais verdes.
Ligeira contração dos olhos depreendem,
de chamas se enchem novamente.
Senão que tendes olhos verdes.
Olhos verdes manhosos de outrora,
- máscara que à vista estendes,
produto de engenharia metódica,
labirinto que a tudo devora,
alheamento que a atenção desmente, -
mágicos por um par de horas,
o resto da vida doente.
senão que tendes olhos verdes.
os olhos astutos a tudo notam,
vestuário, jeito, tamanho, forma
as maneiras, antes educadas,
à língua sobejo consentem...
Movimentos espasmódicos
os detalhes permitem verdes.
Sois formosa e tudo tendes.
Tudo tendes e nada vos falta
ainda assim os olhos distendes
A alegria alheia todavia ressalta,
algures, os campos sempre mais verdes.
Ligeira contração dos olhos depreendem,
de chamas se enchem novamente.
Senão que tendes olhos verdes.
Olhos verdes manhosos de outrora,
- máscara que à vista estendes,
produto de engenharia metódica,
labirinto que a tudo devora,
alheamento que a atenção desmente, -
mágicos por um par de horas,
o resto da vida doente.
sábado, 7 de junho de 2014
Validade
Hoje, quase vinte e nove.
Vinte e nove e os trinta atrás da porta.
No espelho, um rosto de desgosto.
Os cabelos caem pelo corpo
A casa em que habito não é minha.
A rua vazia convida
mas a azia desestimula.
O leite vence no dia do meu aniversário.
Vinte e nove e os trinta atrás da porta.
No espelho, um rosto de desgosto.
Os cabelos caem pelo corpo
A casa em que habito não é minha.
A rua vazia convida
mas a azia desestimula.
O leite vence no dia do meu aniversário.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Amarrado
Ó minha casta, e desditosa musa,
Da civilização não estás ao nível;
Com pesar eu to digo, -- nada vales
Da civilização não estás ao nível;
Com pesar eu to digo, -- nada vales
Tu hoje és impossível.
(Bernardo Guimarães)
(Bernardo Guimarães)
As musas me contaram,
outro dia, a greve virá.
Chegou o momento de colocar
os poetas em seu devido lugar.
Tive vontade de responder-lhe
que falta não me fará. Mas
como me escapou esse poema:
Oh Musas, não queiram me abandonar!
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Primaveríl
O asfalto toma conta de meu mundo
rodas, defuntos, refugo
passam e repassam em seu duro
chão cuja seiva é óleo diesel.
O sangue enegrecido e corrosivo
a boca carcomida pelo tempo
umedecem com o vermelho entumescido.
Um beijo na alvorada do Desejo
rodas, defuntos, refugo
passam e repassam em seu duro
chão cuja seiva é óleo diesel.
O sangue enegrecido e corrosivo
a boca carcomida pelo tempo
umedecem com o vermelho entumescido.
Um beijo na alvorada do Desejo
domingo, 18 de maio de 2014
Ruína
A tua ausência só te faz mais presente
a lembrança, atiça e atordoa,
como ruína persiste, insolente e voa
mancando com as asas dormentes.
A reminiscência (tola) de esperanças doente
fantasia angustiosos prazeres à toa
porque amor convalescente com mágoa
e saudades finca raízes, embora mais doa.
Com unhas e dentes agora cravada
essa ave a alma avidamente lacera,
o corpo devora, paixão malcriada
Fantasmagoria que transcende à esfera,
escombro de uma felicidade passada,
ainda assim, talvez melindrada, prospera.
a lembrança, atiça e atordoa,
como ruína persiste, insolente e voa
mancando com as asas dormentes.
A reminiscência (tola) de esperanças doente
fantasia angustiosos prazeres à toa
porque amor convalescente com mágoa
e saudades finca raízes, embora mais doa.
Com unhas e dentes agora cravada
essa ave a alma avidamente lacera,
o corpo devora, paixão malcriada
Fantasmagoria que transcende à esfera,
escombro de uma felicidade passada,
ainda assim, talvez melindrada, prospera.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Vigília
A meia noite se aproxima
Em canto de sereia adormecida
E nela desmancha-se o Horizonte
A Estrela azul da Saudade
Sonhos de crianças desaparecidas
Na maturidade esverdeada
Levam-me as corujas caçadoras
Estandartes do nosso sonho
Enluado o caminho do Universo
Abrem-se as flores vespertinas
E Vênus, ansiosamente, brilha
No firmamento escuro do Desejo.
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