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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

explanações

Cavando a cova,
Vivo intensamente, em pensamento, a covar.
Esperar minha caveira
remexida na cova,
Porque ser osso é bom!

Ser osso só serve para comprovar
que a carne, em carne viva, vive pra covar. E cavar(-se).
Calada devo ficar, agora, porque odeio dizeres
aqueles trabalhados como ouro na arte poética pobre!!!
Arte é cova: fazê-la é cavar, saiba!

Pego a boneca e brinco os meus cinco anos,
tempos em que cavar a cova era natural...
O medo veio e coube na cova que cavei
Pra mim, pra Ele e pro nada que vim fazer
aqui, nesse mundo corcundo e carcomido.

Cansei-me de metáforas
Enterro o poema, mas revivo a Vaidade.
Por ela, quero ser porca e morbidamente estudada na Universidade (burra)
– que é uma cova –!fosse pela arte minha cova
Eu enterraria é tudo!!!

Cavei e enterrei a mim mesma.
Tenho medo de sonetos, dessas coisas assim,
de professores de arte, dos alunos deles... (você não tem?)
Nós somos os capangas dos doutores
que matam a arte, mas não cavam a cova.

Observações:
1. o poema feito aqui se transforma. Tudo para mostrar que cavar a cova é melhor que fingir. Cova cavada é sempre verdadeira. Uma vez tido o buraco, nenhuma terra estrangeira o tapa ou descava.
2. Tenho medo de tônicas e átonas em seqüências fofinhas, de rimas e essas coisas todas. O medo me comanda e pergunto: pra que tudo isso? Uma vez enterrada a Universidade – nada universal(izante) –, encontro funções – nem devia haver tal necessidade, mas o neoliberalismo econômicoartístico pede. Mas não digo muito não.
3. Função: mostrar a verdade àqueles que não estão contentes. E porque descontentar-se? Pra fingir que se cava, de verdade, a cova. No fim, tudo é dissimulação: e isso deve ser guardado e enterrado. Hein?! Faz de conta que somos.

4 comentários:

Fernando Cordeiro disse...

Lê, legal. Acho que tem muito a ver com o do "A poesia procura(-te)" (acho que esse é o nome, se errei, peço desculpas). Acho que temos uma quase "constante" em seus últimos poemas que é essa questão que tem a ver um pouco com a inntitucionalização da lit. e de como se mata (em muitos estudos) o prazer de ler. Creio que em certa medida isso incomoda a todos, a você e a Mirane de maneira mais forte (embora diferente), mas certamente o Gui também coloca essa questão, basta ler o blog de opinião dele "Do elitismo acadêmico na crítica literária" e o texto que ele está devendo - disse que ia escrever - sobre os poetas de gabinete (é esperar para ver!). É claro que há diferenças... eu gosto de rimas e essas coisas assim "fofinhas" hehehe.

Guilherme Mariano disse...

HUAHAUHAUHAH!Olha Le, acho o seguinte, o poema é interessante, no seguinte sentido, no que ele expressa a sua ideologia sobre poesia e construção e entra bem de acordo com o seun ultimo poema-manifesto. Le eu preciso ler de novo os seus dois poemas pra criticar direito. EU sou totalmente aberto as idéias-fixas, eu tenho algumas minhas. O tom entretanto, no qual você constrói o poema, parece um grito de raiva.

Letícia Tomazella disse...

acertou em cheio: foi um grito de raiva!!! =)

Letícia Tomazella disse...

FER!!! VC TBM ACERTOU EM CHEIO: ADORO CONSTANTES. Basta ler aquela minha "Cronicazinha boba". Gosto dos obsessivos.. lembra? hehehe