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terça-feira, 18 de maio de 2010

Cotidiano

o dia estava claro
dum azul retumbante.

Eu olho a estante
e esqueço do trabalho.

Descalço me olho
no espelho descarnado.
A barba penica os dentes,
a fome devora o assoalho,
num risco perdido de gentes

o sol, mais vivo, de repente
tinge de sangue meu terno
no bolso percebo novamente
o gosto dos dias de inverno

sem pressa viro o café
de dias que nem se sente,
mas quando do espelho
foge um palhaço, é certo
mais um dia me desfaço,
imito um projeto doente.

Um comentário:

Guilherme Mariano disse...

Gostei da sonoridade deste poema. Estou tentando entendê-lo mais propriamente, mas um questionamento da identidade e da criação parece predominar no final.