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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Patinando

É difícil a escuta, prefiro falar, falar, falar, porque preciso me expressar, porque passei sabe-se lá quanto tempo pedindo pra Deus me mandar pra Terra, então me deixem falar, falar, falar. Já escutei demais, agora quero falar. Preciso falar, porque sou a típica artista insatisfeita com seu contexto, então preciso me expressar, expressar muito, preciso por pra fora toda a ânsia de ser humana. Preciso, preciso muito, não quero, mas preciso, essa ânsia desesperada e ansiosa de querer falar está me tirando do meu famoso centro, coisa que artistas sempre ouvem mas nunca sabem o que é, porque se eles forem ao centro deles vão fazer a arte Divina, e não é isso que os artistas querem, eles querem fazer a arte medíocre típica de um ser feito de um pedaço de carne dura, tensa, embaraçada, envenenada, adoecida.
Preciso falar, falar pra me curar, é a cura na língua que precisa se limpar do veneno de ser compulsiva por ficar presa ao céu da boca e não expressar aquilo que o coração (de)manda. Muito tempo com a língua no céu da boca, grudada, hora de falar, de colocá-la entre os dentes.
Depois, a língua sangrou. Tanto tempo sem falar, que me perdi no movimento e não soube o que era falar. Reivindiquei tanto, mas descobri agora que não sabia bem o que era falar, reivindiquei sem saber, mas o desespero do momento me dominou, porque precisava me expressar. Com a língua mordida, ou cortada por vocês, que, de tão irritados, me deixaram nervosa e me fizeram esquecer a arte do falar, com essa língua massacrada, agora escrevo, escrevo, escrevo. E não digo nada.

5 comentários:

Fernando Cordeiro disse...

Se no poema passado o que se encontra é uma retomada de obsessões antigas (falei que acho legal esse negócio de obsessões... dão um caracter mais forte, mais marcante pros textos... bom, deixa pra lá), esse daqui é a neurose em pessoa, a compulsividade, a vontade/necessidade de expressão, de comunicação presa na incapacidade de dizer algo, ou melhor, de dizer "o" algo...
Acho que estou falando muita bobagem hj, vou parar por aqui...
abraço,
fui

Guilherme Mariano disse...

Então, eu noto uma característica básica no seu estilo Le. Seu eu lírico é a ânsia em pessoa, o que torna seus textos uma corrida desenfreada de imagens e sensações angustiantes. Acho que você mistura a velocidade do futurismo com um amargor existencialista.
Parando com a análise à você, vamos para a análise do texto:

O eu lírico não consegue compreender, mas se angustia com uma necessidade febril de comunicação. Uma febre que o "tira da casinha", que o descentraliza, afantando-o do ideal e transportando-o pro real, que como ele mesmo coloca é imperfeito. Essa imperfeição do real desemboca na angústia da língua cortada, símbolo da amputação do sujeito que tenta se realizar, mas é cerceado, podado, mas que mesmo assim, como joeph K metamorfoseado em barata e com uma maçã apodrecida nas costas, decide falar e morrer, o que quer dizer que mesmo na podridão ele resolve agir, sofrer, etc.
Angústia total. Seu eu-lírico precisa de um psiquiatra porque ele já passou da fase de homeopatia.

Fernando Cordeiro disse...

Eu disse neurose e o Gui angustia então troca porque a análise do Gui deu um pau na minha hehehe
Você tá ficando fluente em filho...
Final muito engraçado hehehe

Guilherme Mariano disse...

Fluente nada, completamente disléxico, é só olhar o texto e ver como eu digitei hauhaua.

Não deu pau nada tb, são vieses de leitura só

Letícia Tomazella disse...

Eiii... Amei a análise dos dois!!! Gui, sim, meus textos sao a ansia em pessoa. E eu nao sou a ansia em pessoa? Filho de peixe... Rs. Saudades de vcs. AManha volto ao blog pra comentar os poemas de vcs, amados!