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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Amor condicional

Se o meu abraço é um espasmo, louco me volto
cá fora minha alma se lamenta, não como os mendigos
lamento de pálpebras secretas dos amantes, de mortos:
retorno das múmias oceânicas no princípio dos dias.

Se as pestanas dilatam a minha mediocridade com seu paladar
de incêndio e suas barrigas de sono, em bicicletas
esqueço o incômodo no quarto de despejo e levanto calado.
Caiado é o sol que ilumina e desperta os 'escrevidos'.
Seus, se fossem meus seriam falsos - como te escrevo -

Acha graça! não há graça se as respostas são esgueiradas
se a poesia é condicional, a vida que eu não conheço,
visto que minha, se fosse sua seria menos vagabunda.
E sua e minha seria, se eu pudesse, pôr alegria.

Não canto o amor em poesia, canto o seu reverso
oh idiossincrasia! e odeio as exclamações em verso
se quisesse ser-me perverso, talvez não o faria.

2 comentários:

Guilherme Mariano disse...

Fernando... cara, to de queixo caído. Até mesmo monossílabo. Muito. Bom.

Guilherme Mariano disse...

Você me disse que admira a minha caacidade de brincar com a estilística fônica e com rima, mas esse poema teu tem uma rima interna muito forte, o que provoca uma sonoridade muito legal. eu realmete adorei esse poema.