Pesquisar este blog

domingo, 21 de outubro de 2007

Mãos

As belas mãos que acenam
são enganosas.
Gosto das retraídas,
que não fazem nada e dizem tudo.

Mãos que nos remetem ao sonho
de um intocável toque que nunca virá,
ou que virá torto.
Torto é o toque.
Torta é a vida.
Torto é o poeta.
Tortas são as mãos.
As mãos que calam silenciosamente
o grito do silêncio contido
pelas mãos.

Mas as mãos podem imaginar
que o toque desejado é bem-vindo,
e sôfrega e pacientemente
levar ao paraíso dos desejos impossíveis
o tocado impaciente,
que aguarda
um enganoso gesto
da retraída mão
que não faz nada,
mas deseja.

3 comentários:

Fernando Cordeiro disse...

Oi Mi, singelo e, ao mesmo tempo, potente... dá justamente o tom do inefável (é assim que escreve?? tenho dificuldade com essas palavras difíceis - que são absurdas e arbitrárias ao se falar de um poema desse..., mas não lembrei de outra) acho que ele dá a exata sensação do "intocável toque que nunca virá".

Letícia Tomazella disse...

Imaginem a voz da Susanna agora: UAUUU!
ZUera, mas uau mesmo! Essa coisa da mão vai tomando uma proporção... Vai ganhando força e os últimos versos são fantásticos. Essa adversativa do "mas deseja" dá aquele toque final q o leitor quer...

Poliana Ganan disse...

Puts, eh Mi, quem não convibe com mãos assim q atire a primeira pedra... rsrs
Gostei muuuito! Parabéns!