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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O poema dos saudosos (mortos)

Concentrado, concentradíssimo você escreve, você
estuda
belo e
truncado é o seu
estudo
e este poema sem sentido,
sem sentir
porém sensível e saboroso
é o ato de te ver

Gosto ainda mais de mirar
a xícara vazia
o café! Onde está?
Me dói não vê-lo, você adora café
eu também.
Quer dizer, gosto do que você toma
do café – este não morre –
que você tomava.

O café de outrora talvez não seja o de
agora.

O coqueiro-anão baloiça –
uso esse vocábulo pela saudade de sua erudição romântica –
Tornando o agora mais poético que o outrora.
Agora
Truncado?
Não mais amo o agora, amo
Só, de sozinha.
Serei romântica sem erudição?

O fato é que você exerce fascínio – este também
truncado –
sobre mim.

Isto era para ser um conto
Conto a você,
Preferi, porém, a forma
Desfocada da poesia besta
Porque, além do café, é dela que você gosta.

Se eu escrever agora:
“Olha pra mim, vai...”, será que você o faz?
Olha? Olha!
Não, não aconteceu.
Por onde anda o poder da arte?

O café de outrora talvez não seja o de
Agora

Não é.

Se eu parar de escrever
Aí você não me olha mesmo.
E o outrora não volta.
Nem o café.
Nem o agora.
Nem o coqueiro-anão.
Nem o conto (que era pra ser)
Nem o poema,
Que foi.

Toma.
Toma teu café.

2 comentários:

Fernando Cordeiro disse...

Oi Lê,
como você sabe e gostei bastante desse. Acho que ele consegue trabalhar de forma sutil e sincera com elementos digamos "sentimentais" que muitas vezes nos escapam. Acho que esse é o mérito maior desse poema: ele consegue ser simples, mas revela elementos/sentimentos que o transpassam.

Guilherme Mariano disse...

Toma teu café, você merece.