As belas mãos que acenam
são enganosas.
Gosto das retraídas,
que não fazem nada e dizem tudo.
Mãos que nos remetem ao sonho
de um intocável toque que nunca virá,
ou que virá torto.
Torto é o toque.
Torta é a vida.
Torto é o poeta.
Tortas são as mãos.
As mãos que calam silenciosamente
o grito do silêncio contido
pelas mãos.
Mas as mãos podem imaginar
que o toque desejado é bem-vindo,
e sôfrega e pacientemente
levar ao paraíso dos desejos impossíveis
o tocado impaciente,
que aguarda
um enganoso gesto
da retraída mão
que não faz nada,
mas deseja.
3 comentários:
Oi Mi, singelo e, ao mesmo tempo, potente... dá justamente o tom do inefável (é assim que escreve?? tenho dificuldade com essas palavras difíceis - que são absurdas e arbitrárias ao se falar de um poema desse..., mas não lembrei de outra) acho que ele dá a exata sensação do "intocável toque que nunca virá".
Imaginem a voz da Susanna agora: UAUUU!
ZUera, mas uau mesmo! Essa coisa da mão vai tomando uma proporção... Vai ganhando força e os últimos versos são fantásticos. Essa adversativa do "mas deseja" dá aquele toque final q o leitor quer...
Puts, eh Mi, quem não convibe com mãos assim q atire a primeira pedra... rsrs
Gostei muuuito! Parabéns!
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